Verbete

Verbete

por Camila Fracalossi

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Era manhã de Sábado, e Léo estava acordado. Sua mente não lhe permitira pregar os olhos durante toda a noite, pensando nos acontecimentos do dia anterior. Aquelas revelações fizeram com que ele sentisse um frio no estômago. Ele se perguntava se não seria um sentimento diferente, algo que despertara a partir da revelação... mas, dentre tantas dúvidas, não chegava a nenhuma conclusão.

Olhou-se no espelho: passou a mão pelos cabelos castanhos que estavam bagunçados e pousou os olhos esverdeados num canto qualquer do espelho, a mente confusa ainda perdida em pensamentos. Retomando a realidade, decidiu sair. Abriu a sacada do apartamento, sentindo a brisa fria no corpo quente, recém saído de baixo do cobertor. Buscou pela casa uma jaqueta e os jeans, vestindo-os. Caçou as chaves na bagunça da mesa da sala e enfiou-as no bolso enquanto se dirigia até a escrivaninha de seu quarto, onde se encontrava o celular. Focalizou o visor: desapontado por não ter nenhuma mensagem ou ligação perdida, respirou fundo e saiu.

O céu estava nublado. A brisa fria batia contra seu rosto descoberto, dando uma sensação de prazer misturada ao calor que sentia no coração, que fazia com que todas aquelas indagações voltassem. Resolveu andar mais rápido, tentando fazer com que elas se dispersassem pelo ar.

Chegou a um edifício antigo, imponente, a biblioteca municipal. Sentiu-se pequeno em relação à sua grandeza, perdido em seu enigma, tendo em seu cérebro apenas a ânsia de decifrá-lo. Atravessou as inúmeras mesas vazias, devido ao horário, e pigarreou, fazendo com que a moça tirasse os olhos do computador e se dirigisse a ele.

- Bom dia, em que posso ser útil? – ela perguntou, o sorriso sincero nos lábios. Léo, ansioso, só conseguia pensar em acabar logo com aquelas dúvidas.

- Você por acaso teria um dicionário por aqui? Preciso urgentemente esclarecer uma dúvida.

- Claro, só um instante! – a moça se levantou, andando até a prateleira mais próxima e entregando-lhe um livro antigo, a capa dura preta já empoeirada e as letras, antes douradas, descascadas. Sem sequer agradecer, ele tomou o livro de suas mãos e abriu-o sobre a bancada, procurando um verbete na letra A. Um verbete que, não importavam as suas quatro letras, suas duas sílabas e tampouco suas três linhas de descrição, tinha o maior poder e tamanho do mundo. Um verbete que, após ser lido, transformou os lábios crispados em lábios sorridentes, a expressão mudada.

- Muito obrigado. – o garoto fechou o livro e agradeceu, simplesmente, indo-se embora às pressas.

- Ei! – a moça chamou.

- Pois não? – ele virou-se novamente.

- Me desculpe a indiscrição, mas... qual era a sua dúvida?

- Nada mais importa agora que eu sei que a amo. Tenha um bom dia. – ele sorriu, saindo do prédio.

2 comentários:

Leandro disse...

Belíííííissimo teexto, Cams! De verdade, muito bem escrito! Você realmente escreve MUITO bem, meldels! ;-;

Mas... Eu num entendi o fim, desculpa a burrice... ._.

Anônimo disse...

O Zé é meio tapado, nénão? *corre*