O Peru de Natal

O Peru de Natal
Paráfrase de Mário de Andrade por Camila Fracalossi

E era mais uma comemoração, onde o peru era o convidado mais requisitado. Ou era o único, uma vez que não haveriam de dividi-lo com outros familiares, ao menos desta vez. Quando aceitaram a idéia daquele que tanto julgavam louco (julgando-se loucos também, por estar aderindo), não sabiam dos sentimentos que viriam. Primeiro, a satisfação, a alegria. Depois, a tristeza forjada, o luto forçado. Como poderiam ter se recuperado tão fácil da morte do chefe da família? Era simplesmente inaceitável!
Ninguém perguntou pra ninguém o que sentia. Apesar disso, todos sabiam estar alegres, mas sabiam que a cena deveria ser absolutamente incompreendida pela sociedade. Mas... será que alguém ligou para o peru? O peru, morto, assado, fatiado, crocante e tenro. Não bastassem as qualidades, presenciava o momento de confusão, bem como a comemoração da solidariedade e da família e a calmaria que se instalava nas boas memórias do pai.
Não importava. O peru também não se importava de presenciar tudo aquilo. Afinal, mesmo que se importasse, ele já estaria dividido por vários estômagos para poder se pronunciar.

1 comentários:

Anônimo disse...

Adorei seus textos Cammm... tuas idéias e opiniões são interessantes e concretas... pena que tu não deixou nenhuma forma de contato!!!
Se quiser me adiciona no msn, vou adorar conversar com você!
michel_rhael@hotmail.com

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