Um Melhor Amigo

Um Melhor Amigo
Por Camila Fracalossi



O computador estava ligado naquele quarto, e era ele quem trazia o único som daquele cômodo: a música que cantava ‘Open the curtain, let some light in, I feel so grey. The world got smashed to pieces and put back together the wrong way. Why you leaving me now? There must be some doubt in your mind, can't you open your heart? Don't want to be left behind’. Tudo o que ela precisava para quebrar aquele silêncio.
- Sabe o que eu queria perguntar? O que eu sempre quis? – a menina perguntou. Olhou fundo nos olhos do garoto enquanto puxava os cabelos castanhos com as pontas coloridas já desbotadas para trás.
- Pergunte. – ele deu de ombros, devolvendo o olhar nos olhos dela.
- Eu tenho sido uma péssima amiga ultimamente, não é? Eu te deixei aqui e, talvez, se eu não tivesse deixado... eu poderia ter impedido as coisas de acontecerem! – o garoto arregalava os olhos enquanto ela falava rápido, os olhos ardendo. Bosta, ela não podia deixá-los lacrimejarem, não agora! Tinha que ser forte e continuar. Respirou fundo e continuou – É, eu sei de tudo. E eu tenho que dizer: você me decepcionou. Não por ter se envolvido com essas coisas, não é sua culpa. A culpa é minha por ter estado longe, por não poder estar sempre ao seu lado, por sumir assim, e...
- CALMA! – ele puxou a garota, abraçando-a com força enquanto ela chorava. Acariciou desajeitadamente seus cabelos e fechou os olhos. Ela respirou fundo e sentiu o perfume do amigo, lembrando-se de quando ele usava colônia do Snoopy. Sorriu com a lembrança, mas logo se sentiu mal novamente devido à distância da lembrança. Soltou-se do garoto e olhou fundo nos olhos dele.
- Eu tô aqui. Eu posso te ajudar, e nós sabemos disso. Que tal me dar uma chance? - ele abaixou os olhos. Ela sabia que seria difícil: ele precisava aceitar a ajuda, antes de qualquer coisa. E, não aceitando, ela se sentia pior. No entanto, resolveu ser o mais forte possível, enxugando os olhos vermelhos por baixo dos óculos. Levantou-se do chão, oferecendo-lhe a mão.
- Eu aceito. – ele respondeu, ainda sentado no chão daquele jeito dele, peculiar, só dele. Ela olhou, sem entender.
- Então pegue. – ela estendeu mais a mão.
- Não, Camila! – ele riu, também daquele jeito único. Ele era único, afinal, e era sempre ele quem nunca entendia as coisas. Ela bufou, irritada por isso.
- Então o quê é? – ela olhou feio para o amigo. Ele puxou a mão dela e se levantou, abraçando-a.
- Eu preciso de ajuda, sabe. – ele sussurrou. Parecia um tanto envergonhado – Eu sei o que você pensa. Eu sei, eu fui burro. E agora é bem mais difícil, sabe? Mas...
- Mas você tem eu! – beijei-lhe o rosto, soltando-me dele e pegando suas mãos – E, francamente, não sei o que te fez imaginar que não teria mais. Eu sempre estive aqui, sempre te prometi amor incondicional. Achou que eu não fosse cumprir?
- Desculpa, okay? – ele olhou a garota nos olhos – Desculpa minha falta ultimamente contigo.
- Eu desculpo. Eu sempre desculpo. Porque eu te amo, e quem ama não ama por: ama apesar de.






Se um dia você ler isso, espero que não me odeie.

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